Karthus
é uma criatura terrível que, outrora, foi um mortal tão obcecado com a morte
que acabou abraçado à dádiva da ''desmorte''. Agora, em sua vida após a morte como
um Lich, Karthus está mais próximo do que poderia imaginar de seu amado túmulo.
Sua origem reside no comando da magia do oblívio, e ele busca trazer sua
tenebrosa verdade ao resto do mundo: somente com a morte que a vida ganha
clareza e propósito. Mesmo
enquanto jovem, Karthus era diferente. Havia nele uma escuridão que não se
podia negar. O menino se apegava às trevas e evitava a companhia de outros. Ele
se infiltrava em funerais de estranhos e falava com suas lápides no cemitério. Ele
buscava por cadáveres de animais para preservar e construir memoriais, criando
assim uma coleção
assustadora de arte mórbida. Karthus se voluntariava para ficar com
os doentes e moribundos, embora suas intenções não fossem as de ajudar, mas sim
de testemunhar de perto a passagem daqueles que a ajuda não mais faria efeito.
Por fim ele chegou até a fazer uma encenação elaborada da própria morte, e
observou secretamente o próprio funeral com fascinação intensa. Quando os
outros descobriram o que Karthus havia feito, ficaram tão chocados e
perturbados que, de certa forma, o consideraram morto. Foi quando Karthus se
viu plenamente rejeitado pelos vivos. Seu
isolamento somente serviu de combustível para sua obsessão. Karthus se
aprofundou em explorar a morte, fascinando-se com as lendas da Ilha das
Sombras. Lá, dizia-se, os espectros dos falecidos permaneciam em uma pós-vida
eterna. Possuído por estas lendas, ele sabia que tinha de descobrir por conta
própria se eram verdadeiras. Em uma jornada em direção às derradeiras ilhas,
Karthus logo notou estar vagando através da névoa, fascinado com a beleza
surreal do lugar. Ele sentia como se havia, finalmente, chegado em casa, tendo
sempre buscado pela pureza elusiva do momento da morte, quando a vida se
esvaísse e, em um único instante, adquirisse sentido. Karthus viu que a
desmorte era tal qual aquele momento: preservada em pavorosa inércia. Ele havia
descoberto seu destino: cruzar o véu e deixar os vivos para trás para sempre.
Algo havia despertado na Ilha das Sombras aquele dia, quando Karthus fez algo
que nenhuma outra criatura jamais fizera: desejosamente entregou sua vida à
desmorte. Quando voltou ao mundo, Karthus havia se tornado a encarnação de sua
própria obsessão. Um lich morto-vivo com as chaves para a vida e a morte, ele
almeja trazer seu réquiem de trevas para o mundo.
“Não
há canção mais bela do que o último suspiro de quem morre.” -
Karthus
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